09 maio, 2007

Plano Nacional para a Educação

Texto escrito pelo Prof. Nelson Pretto, diretor da Faculdade de Educação/ UFBA. Esse texto foi publicado no jornal A Tarde de 08/05/2007. Gostei muito do que li, Nelson deixa claro os problemas apontados na educação!Ao meu ver, planos como esses, que parecem ser verdadeiras "varinhas de mágicas", não consegue resolver a essencia da problemática da Educação! Leiam, vale a pena!
Alarde na educação
Nelson Pretto - Diretor da Faculdade de Educação da UFBA - www.pretto.info
Quanto alarde! A partir do anúncio do governo federal de um plano nacional paraa educação no Brasil, a imprensa voltou a discutir exaustivamente a qualidadedo ensino brasileiro, principalmente por conta da criação do novo Índice deDesenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
A introdução desse novo índice, que articula diversos outros já existentes,possibilitará, é verdade, identificar as situações extremas de pouca qualidadeda educação nos municípios, sendo um importante passo, mas, convenhamos, não o fundamental.
Afinal de contas, qual a novidade que esse índice nos apresenta? Nenhuma! Não éde hoje que conhecemos a triste realidade educacional do País e da nossa Bahia,que aparece com um dos piores resultados, possuindo sete entre os 20 municípioscom pior ensino público de 1ª à 4ª série.
Recentemente, foram divulgados os resultados de uma pesquisa realizada peloInstituto Montenegro e a ONG Ação Educativa, repercutidos aqui em A TARDE,sobre o nível de alfabetização dos brasileiros, e estes já apontavam que aalfabetização integral só acontece no ensino médio, e assim mesmo apenas 56%dos que concluíram o ensino médio podem ser considerados conhecedores plenosdas letras, e menos de 50% possuem habilidade plena com os números.
Contudo, nem mesmo desses dados precisaríamos. Converse com os que estão ao seuredor, alunos do ensino médio da maioria das escolas, tanto públicas comoprivadas, e você mesmo verá o tal Ideb baixíssimo, mesmo não sendo umespecialista em estatística.Nossa juventude não sabe ler e contar, mas não sabe também pensar sobre ciência,cultura, estética, política, ética (ah! isso nem se fala, entretanto convenhamosque este não é problema particular da juventude!).
Outra pesquisa, desta vez com dados do IBGE e do Inep, divulgada no início desteano, aponta que do 1,7 milhão de jovens entre 15 e 17 anos que deveriam estar naescola, 40% não estavam porque acham “a escola chata”.
Faz-se muito alarde quando se constata uma realidade bem conhecida de todos nós,e bem pouco para a apresentação de soluções e projetos.
O lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação tem o mérito de tratar oconjunto do sistema educacional, da creche à pós-graduação, como um todo.
Mas, mesmo assim, precisamos olhar com mais atenção para essa problemática.Nós, da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), não temosdúvida: só se encaminha a resolução dos problemas estruturais da educação setivermos coragem de afastar definitivamente a perspectiva mercadológica, ondetudo é comprado e vendido, com ênfase no sucesso e no consumo, emdetrimento devalores éticos, e a partir da qual a educação é reduzida a um processo fabrilde transmissão de conhecimento, afastada das ciências e das culturas.
Também não temos dúvida de que é fundamental o fortalecimento do professor, nãosó com a garantia de um significativo piso salarial. Concomitantemente, faz-seimperioso resgatar a dignidade e autonomia dos professores, para que voltemeles a ser, efetivamente, produtores e estimuladores de culturas e deconhecimentos, e não meros repassadores de informações.
As escolas, por sua vez, precisam ser fortalecidas como espaços de criação, comforte envolvimento da comunidade, com fortalecimento do papel protagonista decrianças, jovens e adolescentes.
Os currículos precisam ser repensados, a formação dos professores, desde ainicial até a continuada, necessita do intenso envolvimento das instituiçõespúblicas de ensino superior, que precisam, de igual forma, ser fortalecidas.
E tudo isso não é novidade. De há muito, nós educadores insistimos nisso. ABahia possui uma rede de instituições públicas espalhada pelo Estado que, sefortalecida, com recursos e infra-estrutura, pode estar articulada com osmunicípios na montagem e execução de um projeto revolucionário de formação decidadania.
Esse não é apenas um papel do MEC ou da Secretaria de Educação, deveria, sim,ser uma ação estratégica do governo como um todo e em conjunto com a sociedade,que, com independência e autonomia, exerceria permanente o seu papel defiscalizadora das ações dos governantes.

Um comentário:

SOM DO ROQUE disse...

este texto do nelson é muito legal...

afinal a imprensa geralmente só se liga nestes temas quando rola algo assim como um lançamento de um plano como esse... e a forma como eles lidam com estes assuntos é quase sempre superficial... e momentâneo...
depois que passa o lançamento do plano (alçado a posição de resposta para os problemas) tudo volta ao que era antes, e continuamos na mesma... acredito que o que mais falta é uma certa continuidade na discussão desses assuntos. mas o que falar de uma época em que tudo tem que ser rápido, simplificado (mass midiatizado) e superficial...?
acredito que as ações concretas que mostrem possibilidades reais de mudança é que poderão nortear algum tipo de transformação...

vamos conversando

abraxxxxxxxxxxxxxx

alto astral

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