26 janeiro, 2009

Niver do Tabuleiro Digital ! Cinco anos de muita polêmica...


Dia 23 de janeiro de 2004, a Faced estava em festa! Lembro-me perfeitamente desse dia, estava no segundo semestre da minha graduação, no sufoco das aulas de JANEIRO, por conta das greves intermináveis e então surge o TABULEIRO DIGITAL... Claro que naquela época não entendia nada daquilo, só sabia que iríamos ter acesso a internet nos corredores da FACED! Cinco anos passaram, muitas polêmicas, muitas tensões, muitos enfrentamentos. E um desses enfrentamentos está associado a questão da PROIBIÇÃO! Proibir o que, porque e quando? Porque os jovens que frenquentam o Tabuleiro, os telecentros da vida, os espaços públicos não podem ter a livre escolha de acessar o que desejam? Como diz meu querido Nelson Pretto " Porque os filhos dos pobres não podem ter o mesmo acesso que os filhos dos ricos", que ficam trancafiados em seus quartos, com banda larga, com computadores poderosos que lhes permitem fazer o que desejam: seja mixar músicas, distribuí-las, interagir em seus joguinhos(sejam eles violentos ou não), conversar nos seus bates-papos com quem quer (amigos velhos, amigos que descobrem em cada acesso), visitar e interagir em sites que os adultos "consideram não tão adequados", enfim, para eles não tem PROIBIÇÃO! E para minha surpresa ou felicidade, encontramos outros tantos discutindo o que defendemos... Bela matéria publicada na Cidades Digitais, em que a pergunta a se fazer é, proibir ou não proibir: eis a questão

16 janeiro, 2009

Dica: Acordo ortográfico


Com o acordo da unificação da ortografia firmado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, começamos 2009 não muitos tranqüilos, mas “tranquilos”, isto é, sem trema. A adaptação e apropriação dessa nova ortografia será um processo não de auto-aprendizagem, será “autoaprendizagem”. No Brasil nosso português sofrerá alterações em apenas 2% da ortografia...Mas muitas palavrinhas, acentos, hifens (se tira ou se coloca) ainda está nos confundindo! E para facilitar nossa vida, vale a dica do "conversor ortográfico on line".

08 janeiro, 2009

A Faced e a Educação do Campo


No período de 07 a 17 de janeiro de 2009 a FACED/UFBA estará desenvolvendo seminários integrados que tratam da Educação do Campo. Para esses dias de seminário está previsto discutir sobre a pesquisa que o "professor do campo" está desenvolvendo, ou seja, saber "que pesquisa é essa?", discutir também as questões relacionadas a elaboração dos cadernos didáticos para Educação no Campo, além desse ser o Primeiro Encontro Norte/Nordeste de Instituições com Cursos de Licenciatura em Educação do Campo, e então, tivemos a presença de diversos coordenadores dos grupos de pesquisa que estão envolvidos com essa temática.

Nesse evento tive a oportunidade de acompanhar a palestra com a Prof.ª Roseli Caldart (ITERRA). Aqui trago alguns pontos destacados nessa palestra:
Roseli iniciou sua palestra chamando atenção para a questão dos professores cursistas que estavam ali presentes, precisavam desde o inicio de sua formação ter clareza do processo histórico a ser defendido. E para tanto, podemos pensar inicialmente nos fundamentos da educação do campo. Pensar nas bases de construção por esse movimento de educação dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, em que esta base esta centrada no embate do agronegócio (capital) X Capital da agricultura camponesa (trabalho).

A realidade atual do campo brasileiro, faz com que recuperemos a constituição originária da Educação no Campo, assim, encontramos nessa constituição um embate de projetos que esta pautado na contradição de capital X trabalho. Daí, a preocupação com a "formação de educadores", em que esta formação e a educação no campo sem entender e tomar um posicionamento quanto a esse embate, não pode dizer que esta inserida numa Educação no Campo. Entender que o embate desses projetos tem uma expressão na realidade dessa educação.

Nessa construção, precisamos compreender a lógica que perpassa pela produção do campo para poder definir qual o posicionamento a se tomar ! Pensar que a lógica atual não é produzir para quem precisa de alimentos e sim produzir para fortalecer a lógica do capital, do lucro... Assim, encontramos o agronegócio que traz como consequências: a concentração e centralização do capital, controle do comércio agrícola pelas corporações transnacionais, aumento da concentração de terras, desnacionalização da agroindústria. Contudo, esse modelo muda a forma de produzir, em que a lógica é transformar a agricultura no ramo industrial.

Outro ponto abordado e bastante discutido por Roseli Caldart foi a questão dos fundamentos da Educação no Campo, que considere: realidade atual do campo; uma teoria do conhecimento (que leve-se em consideração a democratização da produção do conhecimento, pois não é suficiente apenas democratizar o "acesso" ao conhecimento) voltada para transformação da realidade; uma visão ampla de educação que inclui uma concepção de escola e a concepção de direito coletivo.

Enquanto concepção de educação precisamos incorporar: processos formadores dos sujeitos coletivos da produção da vida no campo, em que o trabalho deve ser visto com o princípio educativo; uma cultura que inclui a dimensão do conhecimento e a luta social e organização coletiva. Para essa discussão a ideia da escola do campo não esta centrada apenas num TIPO de escola; não se contrapõe à concepção de escola unitária, e sim, esta é um direito de todos (em todos os lugares, em todos os tempos da vida e para todas as pessoas).

A especificidade da escola do campo não esta na ESCOLA e sim no CAMPO, considerando-se: sujeitos, relações sociais, processos produtivos. A escola não abre mão da tarefa de educar, dessa forma trabalha as diferentes dimensões do desenvolvimento humano integral. Essa escola trabalha a mediação específica do conhecimento com aprendizado da relação teoria e prática. E por fim, essa escola precisa trabalhar com a vida real, que nesse caso é o CAMPO.

Então, nesse contexto fala-se de transformação da escola considerando dimensões básicas como: formas organizativas, trabalho na escola, conhecimento da realidade, tempos e espaços educativos, inserção social- comunidades/lutas sociais.




01 janeiro, 2009

Que juventude eh essa!?!

Começar 2009 refletindo um pouco sobre a atuação de nossa juventude! Em muitas das vezes são desapercebidos, em outras deixam o recado e mostram que não estão aqui (e esse aqui é na Bahia, São Paulo, na Inglaterra, enfim...) por acaso! E a pergunta a se fazer é: Porque será que nosso prefeito "João Henrique" só concede aumento de ônibs no mês de janeiro???
A revolta do buzú, as manifestações estudantis contra os aumentos abusivos do preço do transporte publico da cidade de Salvador deixaram marcas na dinâmica da cidade e "eles" preferem não enfrentar isso novamente! E nossa juventude??Onde está??
Cadê as movimentações feitas por orkut, msn, e-mail, blogs, celulares, etc e tal???
E assim, os "baianos" começam o ano pagando as contas de uma ´´essima administração no transporte...

Para completar, trago o texto do Prof. Nelson PreTto, escrito recentemente no jornal ATarde e publicado no seu blog em que alerta sobre a influência dessa juventude!!!

A força da juventude

Nelson Pretto - professor associado da Faculdade de Educação/UFBA e visitante da Universidade Trent de Nottingham. www.pretto.info

Daqui da Inglaterra, leio em A Tarde um belo projeto de intercâmbio de estudantes, promovido pelo Teatro Vila Velha. Aqui mesmo nesta página, já escrevi algumas vezes sobre a necessidade de promovermos políticas públicas que estimulem os jovens - de qualquer idade, claro! - a passearem mais. Falo diretamente na palavra passear, pois é isso que penso ser fundamental para ajudar na formação dessa meninada. Conhecer novos lugares, novas cidades e seus povos, outras culturas. Mesmo compreendendo que o nosso mundo contemporâneo resolveu partir para a mesmice, onde as coisas que vejo aqui na pequena Nottingham sejam quase todas absolutamente iguais às que vejo aí em Salvador, creio que esses passeios e intercâmbios são fundamentais para a formação dessa gente, inclusive para que possamos, com muita garra, lutar contra esta lógica de tudo virar o igual. Hoje, andar de ônibus por quase todos os países ocidentais, é passar pelos mesmos pontos de ônibus que temos em Salvador. A mesma empresa, o mesmo modelo, o mesmo estilo, enfim, a mesmice implantada, como uma comida fast food, que aí, ou aqui, é sempre a mesma. Achar o diferente, requer garimpar com profundidade.
Os filhos das classes médias e altas têm a oportunidade das viagens promovidas pelas próprias famílias. Conhecem museus, praças, cidades, estradas, ruas, enfim, se não ficarem nos tradicionais roteiros pré-fabricados pela indústria do turismo, podem interagir um pouco mais com as culturas de outros países. Aos filhos das classes populares, resta esperar por políticas públicas que favoreçam essa mobilidade, que possibilitem que esta turma possa conhecer e interagir com outras turmas de outros países. Projetos como esses do Vila, Axé, Eletrocoperativa, Breje Eró, e de tantos outros grupos liderados pelas ONGs, brasileiras e estrangeiras que investem no país, são exemplos de belas oportunidades para uma juventude que pode não estar vendo muita esperança no futuro que se avizinha. Mas me pergunto: porque isso não faz parte das políticas públicas dos governos municipal, estadual e federal? Por que não viabilizar que alunos - e , claro, os professores - possam passar períodos em outras cidades, estados e países, em projetos de intercâmbio de forma mais permanente? Isso, seguramente, também traria para a Bahia, outras gentes, turmas e tribos que, interagindo com a nossa meninada, certamente fariam diferença no mundo de hoje. Um mundo que carece de genorisade, de companheirismo e de solidariedade. Penso que esta força da juventude é única posibilidade de uma radical transformação na mesmice do mundo atual. Porém, tais idéias, nem sempre são bem acolhidas.
Certa vez, numa festa do Bonfim, encontro um amigo querido que gosto muito de ouvir. Assim que nos vemos, ele me provoca: tenho te lido e tenho minhas dúvidas sobre esse seu encantamento juvenil! Fiquei muito intrigado com o comentário, pois respeito bastante esse meu amigo de longas datas. Com aquilo na cabeça e a cada manifestação desta turma jovem, me perguntava mais uma vez: estou exagerando ou essa meninada está recuperando uma energia sufocada ao longo dos últimos anos e que, agora, volta a se manifestar como uma rebeldia necessária para a vitalidade do mundo?
Recentemente aqui na Inglaterra, uma turma de não mais de 30 jovens, entre 18 e 25 anos, parou um grande aeroporto para protestar contra a expansão da aviação e os perigos do aquecimento global. Dois dias depois, o jornal The Guardian, publica matérias de página inteira mostrando a gravidade do momento na voz dos cientistas que estudam o tema: a situação é dramática e sem retorno! Coincidência? Pode ser, mas imaginar que os cientistas que estudam o ambiente se mobilizem para se acorrentarem às grades de um aeroporto pode ser um pouco demais... Mas, para esta turma que está ligada ao que acontece na sua cidade e no mundo, esse ativismo - que os adultos de hoje também faziam na sua esquecida juventude, principalmente os que estão agora no poder - é parte do seu jeito de ser. Para essa juventude que não se acomada aos bancos escolares, estas ações radicais podem ser a única saída e, quem sabe, esta não seja a única saída para todos nós.

Publicado em A Tarde de 26/12/2008, página 03. Publicado também no Terra Magazine de 01.01.2009.