02 setembro, 2006

III Festival de Software Livre da Bahia



O III Festival de Software Livre da Bahia, aconteceu nos dias 24,25 e 26 de agosto de 2006, em Lauro de Freitasna UNIME...Um pouquinho longe, más valeu a pena!!!Posso confessar, estava com saudades de participar de um evento como esse...Foi mais uma experiência de muita aprendizagem...O III Festival, foi muito, muito legal...Primeiro porque tive a oportunidade de ter novas aprendizagens, segundo porque também tive a oportunidade de consolidar novas amizades.
Logo quando chegamos no dia 25/08, chamou minha atenção a palestra que abordava a questão da “Legalidade dos Editais de Concursos Públicos que exigem Conhecimentos em Software proprietário”, cheguei quase no finalzinho, más deu para acompanhar algumas discussões daquilo que o Thiago Vieira chamou de um ”grande bate-papo”. Eu nunca tinha me atentado para essa questão dos concursos públicos quanto à cobrança em conhecimento em Software Proprietário. O que debateu-se nessa palestra, foi a questão de se buscar judicialmente que não apenas seja “cobrado” em concursos públicos conhecimentos de Software Proprietário e sim que também incluam conhecimento em Software Livre. Pois dessa forma como acontece, nos obriga enquanto cidadãos a ter que estar limitados ao conhecimento ao Software Proprietário quando nos submetermos a um concurso.
Outro ponto de muito espanto e preocupação foi o que o Thiago Tavares nos relatou acerca de um projeto de Lei que está tramitando no senado pelo Senador Eduardo Azeredo acerca da certificação digital, e essa tal certificação irá limitar em muito nosso acesso a rede. O detalhe é que em nenhum lugar do mundo, esta idéia foi implementada, ou seja, esta lei se for aprovada tem uma única finalidade “ganhar lucros” com a venda desses certificados, para que qualquer pessoa tenha acesso a Internet. Na verdade este projeto irá limitar e muito o acesso a Internet.
Conheci também a proposta do “Projeto Casa Brasil”, do governo Federal. O casa Brasil trabalha com vários segmentos da comunicação , o que eles chamam de “módulos” (modulo telecentro- com computadores e uso de Software Livre, modulo Rádio-comunitária, modulo estúdio multimídia, auditório, biblioteca, etc...) O grande X da questão, é que não são todos os modelos que estão em funcionalidade em um mesmo local, devido a falta de verba, o trabalho mais intensificado esta com os telecentros e as bibliotecas.
O Casa Brasil procura discutir as questões relacionadas ao uso de Software Livre, junto com as comunidades, então eles desenvolvem um trabalho de organizar as comunidades, organizar os telecentros e dar apoio de capacitação. Visto que a intenção é que em um determinado momento a comunidade se aproprie daquele espaço.
Um ponto a destacar nesse projeto, é que o objetivo deles é que a comunidade não esteja limitada a usar aquele espaço apenas como uma Lan House pública e sim que utilize para o acesso ao conhecimento.
Ao sair dessa apresentação do Casa Brasil, entramos na temática da Inclusão Digital, com a professora Bonilla. Esta chama atenção para o fato de que temos que pensar o que estar por traz desse “movimento de Inclusão Digital”, quais são as verdadeiras intenções???
Bonilla fala que é perceptível que existe uma grande confusão por parte de muita gente entre a Inclusão Digital e Alfabetização Digital. Se pensarmos que a alfabetização é o saber ler e escrever (aprendizagem da codificação), e o letramento é entender as complexidades dos processos de leitura e escrita, ao associar isto a alfabetização digital poderíamos dizer que seriam técnicas de manuseio da máquina.
Porém ao reportamos para o campo sociológico, podemos pensar no conceito desse termo “Inclusão”, em que segundo Robert Castel até meados dos anos 70, não existiam desigualdades entre os sujeitos e sim o que existia era desigualdade entre as classes e entre os grupos. Desta forma, para pensarmos em inclusão, torna-se preciso entender o processo de exclusão primeiramente. Bonilla ao citar o Castel, coloca a exclusão como um processo de “descoletivização”, em que o sujeito excluído é tomado como foco enquanto indivíduo. Que são separados dos bens coletivos. E o que marca o excluído é a falta de alguma coisa. Temos que considerar também, que essa noção de exclusão na sociologia ainda é muito vago e indeterminado.
A exclusão é um resultado de um movimento social e só é entendida quando é colocada nas suas origens, no percurso que a produz. Outra vez ao citar Castel, este diz que:” ninguém esta separado do social, ou seja, não existe algo fora do social”. Temos toda uma potencialidade de busca e transformação, que não é levado em conta quando se considera o sujeito excluído.
Na realidade o que percebemos é um processo compensatório, para tentar trazer esse sujeito para uma sociedade ideal.
Em decorrência de um processo de exclusão simultâneo e ininterrupto, é que surge essa problemática de toda uma Inclusão (social, digital, educacional, sócio-tecno-digital, econômica, na saúde e etc...).
Vale destacar, que essa questão da Inclusão Digital, quanto ao seu conceito , no meu ponto de vista esta muito reducionista, ou seja, consideram que apenas ter acesso a máquina, o indivíduo já esta incluído. Porém, por outro lado, temos que pensar que cada caso é um caso. Se considerarmos a grande extensão territorial do nosso país, às vezes em alguns lugares só o fato de se colocar uma máquina já se configura um processo de inclusão Digital. Agora! Vale ressaltar é como se configura essa inclusão? Esse indivíduo será apenas meros consumidores, ou farão desse espaço um lugar de produção de conhecimento??? Será que só colocar a máquina por colocar resolveria a situação???Às vezes acho que não!!!
O fato é que não existe um modelo único de Inclusão Digital, já que as necessidades de cada um são diferentes.
Já saindo de um auditório para o outro, fomos ver as discussões acerca das “Patentes” com Krishnamurti, em que este diz que o grande perigo quanto ao uso de patente, esta relacionado ao desenvolvimento e distribuição do software, em outras palavras do conhecimento. Já que ao conceber patentes de software é impedir que outras pessoas se apropriem de conhecimento publico.
Por fim, tivemos a presença do Sergio Amadeu, que nos troxe grande contribuições de reflexões. Um ponto trazido por Sergio Amadeu, que temos que levar em consideração quando estamos falando de pirataria de software, é que a grande industria de pirataria não é feita em cima do código fonte e sim em cima do código executável, portanto, para que temer e esconder tanto esse código fonte, como é feito pelos Software Proprietário???Que lógica de apropriação é essa???
O que é compreensivo é que, nessa lógica que nos deparamos quanto a licença do Software Proprietário, é que proíbe-se a distribuição do código fonte, com uma única finalidade: “para que não se aumente o conhecimento”, nessa lógica de controle o conhecimento fica limitado...
Enfim, fico com saudades e anciosa para que novos encontros como este aconteçam...E deixo a foto da galerinha que esteve comigo nesses dias...






Cool Slideshows!

Um comentário:

Anônimo disse...

To famosa!!! tem foto minha aki tb! to quase criando um blog... bj